O ano é 1835. E aqui começa a construção da trilha histórica que desencadeou a formação da colônia germânica em Petrópolis. Nesse ano, Major Júlio Frederico Koeler, após receber a tarefa de realizar um levantamento topográfico da província do Rio de Janeiro, no trecho compreendido entre a Vila da Estrela e Paraíba do Sul – tarefa essa relacionada à construção de uma nova estrada mais rápida e segura – melhorando o escoamento da produção da província de Minas Gerais, teve o sonho de um dia poder construir uma casa para si em um clima mais ameno , no alto da Serra da Estrela, já que residia no clima quente entre a Vila da Estrela e a Raiz da Serra.
O major Júlio Koeler era companheiro de armas do Brigadeiro Paulo Barbosa da Silva – Mordomo da Casa Imperial – (algo semelhante ao Ministro da Casa Civil). Quando Koeler expôs seu plano de colonização a Paulo Barbosa, convencendo-o da conveniência, Paulo Barbosa usou de sua influência para que D.Pedro II adotasse a ideia, que foi reforçada pelo sonho que o Imperador tinha de construir ali o seu Palácio da Concórdia (um dia contamos essa história).
Após assinado o Decreto Imperial nº 155 de 16 de março de 1843, pelo qual é arrendada a Koeler a Fazenda do Córrego Seco, é hora de Koeler colocar a mão na massa, ou melhor no plano.
Dando um salto nas negociações que resultaram na vinda dos imigrantes germânicos, vamos falar deles – nossos queridos colonos – ancestrais de muitos dos que nos leem nesse momento.
Os colonos chegaram aqui em 29 de Junho de 1845. A Alemanha que conhecemos hoje surgiu em 1871.
– Ahhh, então é por isso que você fala Germânico o texto todo?
– Sim! 🙂
Essas famílias vinham de desilusões e sofrimentos vividos na primeira metade do seculo XIX, em decorrência das consequências sociais e econômicas da Revolução Francesa e da Revolução Industrial. Ou seja, pessoas sofridas em busca de um sonho.
Chegando ao Brasil, passavam por um verdadeiro martírio até chegarem ao seu destino, passando fome e frio. Ao chegarem, nem tudo eram flores: ficaram abrigados nos Quartéis da Província, todo prometido era minimamente cumprido. Ao receberem seus prazos de terra, quanto antes começavam a plantar para garantir a sua sobrevivência e usando de técnicas rudimentares, porém eficientes, para armazenamento, conseguiam conservar a carne dos poucos animais de corte.
Esse pequeno resumo histórico se faz necessário para entendermos as dificuldades desses colonos e o porquê devemos homenageá-los. Afinal, muitas das características de nosso povo e de nossa cidade são enraizadas nessas pessoas, que lutaram e sobreviveram construindo essa linda cidade.
Atualmente, durante o ano vemos pequenos flashes do passado, seja na gastronomia, seja nos texto de estudiosos do período, seja no artesanato, seja na raiz cervejeira que a cidade volta a construir, seja no trabalho dos grupos Folclóricos e até mesmo na maneira de falar e agir de uma parcela do povo. Porém, o auge dessa homenagem é o dia 29 de junho, que é o balizador de nossa maior festa: a Bauernfest.
É sempre importante lembrar que a Bauernfest é, sim, uma homenagem aos primeiros imigrantes germânicos. A cerveja, o salsichão e o pernil são elementos secundários para alimentar e alegrar a festa. A festa é a oportunidade de congregar todos os conhecimentos imaterias que temos da cultura germânica: a forma de continuar a propagar nossa homenagem a esse povo, nossa raiz -mantendo viva as receitas- o modo de realizar os preparos e até mesmo de conservação.
Vemos mundialmente o movimento Slowfood crescendo. O engraçado é que algumas famílias em Petrópolis sempre praticaram esse movimento, seja fazendo seu chucrute, ou seja fazendo seu pão alemão, ou cuca.
E nosso artesanato? Você já valorizou nosso artesanato? Sim, valorizar essas pequenas artes é, sim, homenagear esse colonos, que foram a raiz desse conhecimento.
Sempre lembre-se da Bauernfest. Ela não é a festa da cerveja! Ela é a festa de homenagem aos nosso colonizadores. Homenagem construída por pesquisadores, associações, artesãos, grupos folclóricos e à comunidade.
Be First to Comment